Durante a 362ª reunião ordinária do Conselho Universitário da Universidade – CUNI, ocorrida nesta terça-feira (21), o presidente do Sindicato ASSUFOP, Gabriel Souza, interveio e evitou que a UFOP cometesse uma prática de racismo estrutural. Entenda:
Gabriel Souza recebeu um email de um candidato aprovado em concurso público para docente da UFOP, e que concorreu à vaga destinada a candidatos negros, conforme item 6.11, do Edital PROGEP nº. 24/2022. No email, também enviado para o Pró-Reitor de Gestão de Pessoas da UFOP, Bruno Camilloto, o candidato cotista relata que em razão da inércia da Universidade em providenciar a banca de heteroidentificação, seu concurso não seria homologado com os outros do Edital nº. 24/2022 na 362ª reunião do CUNI.
Antes de enviar o email, o candidato aprovado consultou a PROGEP e, segundo ele, a Pró-reitoria informou que justamente os concursos que “previam vagas com cotas para negros não serão aprovados agora, pois estão aguardando o encerramento de todos os concursos com cotas para fazer uma avaliação ‘em bloco’ pela comissão”. Ainda conforme o candidato, tampouco foi noticiado quando seria realizada a banca de heteroidentificação, deixando-o sem previsão para sua nomeação.
Durante a reunião do CUNI, o presidente do ASSUFOP fez a leitura do documento encaminhado às instâncias administrativas e solicitou a retirada de pauta da homologação dos demais concursos previstos no Edital 24/2022. Gabriel Souza ressaltou que o concurso do candidato aprovado na vaga cotista havia sido homologado pela unidade acadêmica em 11/10/2022, havendo tempo hábil para a realização da banca de heteroidentificação, o que não ocorreu. Veja abaixo a intervenção do presidente do ASSUFOP:
Gabriel ressaltou também que “mesmo diante de um mecanismo criado para reparar o racismo estrutural em nossa sociedade, o que se observa, na prática, é um tratamento prioritário para a homologação de concursos de não cotistas e uma falta de ação institucional no cumprimento dos requisitos para os concursos cotistas. Além do possível prejuízo financeiro, a omissão administrativa realça ainda mais o racismo de nossa sociedade ao deixar para depois, quando for possível, a homologação do concurso de cotista”.
Após a fala do presidente do ASSUFOP, o Pró-Reitor de Gestão de Pessoas da UFOP, Bruno Camilloto, se justificou dizendo que não houve ação individual, institucional ou estrutural racista da PROGEP no caso relatado e “quem conhece meu histórico de pesquisador e militante na esfera pública com relação ao tema étnico-racial sabe do que eu faço, do trabalho, do grau de reconhecimento interno e externo”. Sobre a resposta ao questionamento do candidato aprovado cotista, o Pró-Reitor de Gestão de Pessoas, Bruno Camilloto disse ainda que “a resposta ainda está em análise e que, infelizmente, não tive tempo de conversar corretamente com o servidor para identificar os elementos para responder”. Confira abaixo a fala do Pró-Reitor:
Gabriel Souza reforçou também a importância de denunciar ações discriminatórias que, por vezes, passam desapercebidas na sociedade e também no ambiente universitário: “se não fosse a intervenção do Sindicato ASSUFOP, os concursos dos não cotistas seriam homologados na reunião, e mais uma situação de racismo estrutural passaria despercebida na academia”.