Apesar da política do governo de ataque às IFES, dados mostram papel inclusivo da UFOP

Dados dos convocados para matrícula presencial na UFOP mostram maior número de pretos e pardos e estudantes da região do entorno dos campi. Para o presidente do sindicato ASSUFOP, os dados são positivos apesar da conjuntura temerosa.
Em tempos de ataques frequentes à educação pública e ao programa de cotas implantado nas universidades federais — que, conforme a Lei nº. 12.711/2012, reserva 50% das vagas nos cursos de graduação a estudantes provenientes de escolas públicas, parte deles com baixo nível socioeconômico, preto, pardo e indígena —, o perfil dos estudantes convocados para realização da matrícula presencial da 1ª à 4ª chamada na UFOP revela pontos importantes sobre os ingressantes na Universidade neste segundo semestre de 2018.

(Foto: Site da UFOP/Fábio Augusto)

Dentre os convocados, os autodeclarados pretos, pardos e indígenas têm um índice alto de inscrições, ultrapassando o número de brancos. São 689 candidatos selecionados entre os que se autodeclaram pretos, pardos ou indígenas. Já os autodeclarados brancos são 595. Segundo o pró-reitor adjunto de Graduação da UFOP, Adilson P. Santos, “do ponto de vista do acesso, a composição étnico racial da população brasileira começa a ser refletida na UFOP, no meu entendimento, em função dos efeitos da Lei de Cotas, que alcança sua fase de plena implementação. Houve uma ampliação do percentual de reservas, favorecendo a chegada desses sujeitos. Estamos observando o campus refletir a sociedade como um todo”, conclui.

Para o presidente do sindicato ASSUFOP, Sérgio Neves, os dados são positivos apesar da conjuntura temerosa. “A ampliação da diversidade dos estudantes na UFOP é notável e deve ser ressaltada, fruto de um trabalho longevo. Diante dessa conjuntura de supressão de direitos e ataques absolutos e diretos às universidades federais (PEC 241, ameaças à autonomia universitária, condução coercitiva de servidores) devemos mais do que nunca nos unir para a luta e o enfrentamento para manter essa conquista e ampliá-la. A golpe de projetos privatistas, Temer e o MEC querem minar a educação pública, gratuita e de qualidade. Fato que está diretamente imbricada com o maior número de pretos e pardos e estudantes da região do entorno dos campi. Portanto, a resposta à investida neoliberal nós já sabemos: resistência, mobilização, união e muita luta”, afirma.

(Foto: Site da UFOP/Reprodução)

Outro dado importante que revela o potencial inclusivo da educação pública é o número de selecionados na reserva de vagas para deficientes. No total, foram 13 candidatos, além de outros oito candidatos com deficiência que não se inscreveram na modalidade e também foram selecionados. Isso porque a UFOP dispõe, desde 2005, do Núcleo de Educação Inclusiva (NEI), que tem como principal objetivo apoiar alunos e servidores que apresentam algum tipo de deficiência. Veja mais sobre o NEI e os programas de acessibilidade nos campi da UFOP nos links abaixo:

http://www.ufop.br/noticias/campi/obras-promovem-melhorias-e-acessibilidade-nos-campi-da-ufop
http://www.ufop.br/noticias/sisu/ufop-aguarda-normatizacao-para-incluir-alunos-com-deficiencia-nas-cotas-do-sisu

Outro aspecto do relatório preliminar que vale ser destacado é a UFOP ter se tornado referência na região e no estado de Minas. Se em 2007 o percentual de estudantes das cidades de Ouro Preto, Mariana e Itabirito era de cerca de 10%, atualmente o percentual chega a mais de 20%. A maioria dos convocados para matrícula deste semestre é de alguma das três cidades onde a Universidade possui campus (Ouro Preto, Mariana e João Monlevade) ou das cidades do entorno (Ouro Preto – 190 convocados; Belo Horizonte – 148; Mariana – 113; Itabirito – 47; João Monlevade – 47 convocados), sendo Minas Gerais o estado com maior número. Dos 1.358 convocados em todo o território nacional, Minas Gerais lidera com 1.143 inscritos, seguido por São Paulo (112), Espirito Santo (28) e Rio de Janeiro (24).

Por último, os números apontam também para o perfil jovem dos estudantes convocados: 31% estão na faixa etária entre 17 e 18 anos, o que leva a crer que participaram do Sisu pela primeira vez neste ano de 2018.

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