Na última quarta-feira (18), os diretores do Sindicato ASSUFOP reuniram-se com representantes da administração da UFOP na Reitoria para tratar de assuntos emergentes que atingem os servidores técnico-administrativos da Instituição. Foi a primeira reunião de uma série de encontros para debater os pontos de reivindicação da categoria.
Representando a administração, participaram da reunião o Pró-reitor da PROGEP, Bruno Camilotto; a Pró-reitora adjunta da PROGEP, Isabela Perucci; o Chefe de Gabinete, Élido Bonomo; a Pró-reitora adjunta da PRACE, Sabrina Magalhães e o Pró-reitor adjunto da PROPLAD, Máximo Eleotério. Pelo ASSUFOP, participaram o presidente do Sindicato, Gabriel Souza, a vice-presidente, Paula Stockler, e os diretores Eduardo Evangelista, Sílvia Nahas, Thiago Caldeira, Anderson Medeiros, Élcio das Dores e Hugo Guarilha.
Na pauta estavam as demandas dos servidores recolhidas pela diretoria do ASSUFOP durante a série de reuniões setoriais realizadas em 2022, em diversas unidades da UFOP. A reunião com a administração foi solicitada pelo Sindicato e as reivindicações dos trabalhadores foram encaminhadas com antecedência à administração por meio do Ofício nº009/2023 (o documento foi apresentado à base durante a assembleia geral ocorrida no dia 27 de fevereiro).
De início, a Diretoria relatou uma das principais queixas dos servidores, a qual desencadeia inúmeros problemas enfrentados pelos TAE’s. Trata-se do número extremamente baixo de trabalhadores para a quantidade excessiva de demanda da Universidade. Fato que acarreta no acúmulo de atribuições, ocasionando doenças ocupacionais, como ansiedade, depressão. A sobrecarga também favorece o aumento de casos de assédio moral nas unidades. Soma-se a isso, a precarização da carreira TAE, que leva muitos servidores a pedirem exoneração da UFOP, desfalcando ainda mais o corpo técnico. Dessa forma, os diretores defenderam a urgência na realização de concursos públicos, bem como a interrupção imediata de ações de expansão da UFOP que causam diretamente o aumento da demanda de trabalho dos TAE’s.
Sobre o assunto, os pró-reitores concordaram que o número de técnico-administrativos é muito abaixo do mínimo exigido e que sabem que os TAE’s estão trabalhando no limite para atender as demandas. Lembraram da precarização das IFES impulsionada pelo governo Temer e Bolsonaro e disseram que muitos dos problemas vividos na Universidade, sobretudo a nível orçamentário, são reflexos desse processo de desmonte das Instituições Públicas de Ensino. Os pró-reitores informaram também que é preciso uma mobilização nacionalmente para que a carreira dos TAEs seja modernizada para ser mais atrativa. O Pró-reitor de Gestão de Pessoas informou que ainda este ano haverá concurso para TAE’s na UFOP e que está em processo a contratação de uma empresa para promover o processo seletivo. Cabe destacar que o concurso público não irá resolverá totalmente o problema da defasagem de TAE’s na UFOP, pois muitas das vagas estão com a contratação suspensa e muitos dos cargos foram extintos por governos anteriores.
Os diretores enfatizaram que, antes de aguardar uma mobilização nacional, é preciso que a UFOP se antecipe e busque resolver essas questões prontamente e não aguarde que uma solução venha de fora. Foi sublinhado pela diretoria que os trabalhadores que estão doentes não podem esperar essa mobilização, pois o que está em risco é a vida das pessoas. Foi reforçada a agilidade em realizar o concurso público para TAE’s e que a promessa saia, de fato, do papel.
Também foi colocado pelos diretores do Sindicato o posicionamento contrário ao aumento da terceirização da força de trabalho na UFOP. O presidente, Gabriel Souza, deixou claro sua insatisfação com a terceirização do R.U e lembrou que tal medida ocasionou o reajuste no valor do ticket, impactando diretamente os estudantes e a assistência estudantil na Instituição. Sobre o assunto, a Pró-Reitora adjunta da PROGEP informou que também é contra a terceirização, e que frente à extinção de cargos do PCCTAE e a falta de pessoal para assumir as atividades dos restaurantes, a única forma encontrada para manter o R.U funcionando foi a terceirização.
Além disso, os diretores do Sindicato solicitaram à PROGEP um tratamento menos burocrático da pasta, no sentido de atender às solicitações relacionadas aos TAE’s com mais cuidado, horizontalidade e flexibilidade. Os diretores relataram um caso onde uma servidora foi seriamente prejudicada pela burocracia da unidade. A PROGEP disse que a pró-reitoria está sempre aberta ao diálogo e acessível a qualquer trabalhador que queira tirar dúvidas e solicitar qualquer informação, e que novos canais de comunicação foram criados pela unidade no intuito de ampliar o acesso do trabalhador. A Diretoria lembrou que na relação instituição x trabalhador, este último, por ser o lado mais fraco, é comumente mais prejudicado, e que grande parte das queixas dos servidores é justamente pela falta de um entendimento mais humano nas decisões da Pró-reitoria.
Os diretores repassaram à administração o drama vivido pelos trabalhadores das oficinas que foram informados sobre a possível remoção de seus setores. A PROGEP informou que eles não serão removidos dos seus locais de trabalho e que haverá apenas uma mudança burocrática nos registros de lotação. O Sindicato reforçou a importância destes trabalhadores para a Universidade e solicitou um cuidado especial a estes setores, uma vez que enfrentam grande acúmulo de funções causada pela redução do quadro de servidores e, consequentemente, o avanço do processo de terceirização da UFOP.
Outro assunto que foi destaque na reunião refere-se à preocupação dos TAE’s com a estrutura física dos prédios da Universidade. Foi relatado pelos representantes do ASSUFOP a apreensão vivida pelos trabalhadores da Escola de Minas (Centro), cujo telhado corre risco de desabar. Outras unidades também foram enfatizadas pelos diretores, que lembraram que as instalações da UFOP não possuem AVBC (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros) e alvará de funcionamento. O diretor Eduardo Evangelista sugeriu inclusive a criação de um mutirão de prevenção a incêndios na Universidade, com o intuito de preservar, em primeiro lugar, a vida das pessoas, e também o patrimônio público. O Pró-reitor adjunto da PROPLAD ressaltou os problemas orçamentários vividos pela UFOP que impedem certas obras na Instituição. Ressaltou que a reforma da Escola de Minas está prevista na verba liberada pelo Governo de Minas Gerais e disse que a responsabilidade da questão estrutural dos prédios passa pelas diretorias e chefia das unidades, não apenas pela PROPLAD.
Com o avançar da hora, foi solicitada a suspensão da reunião e os assuntos continuarão a ser debatidos em novo encontro que ocorrerá na próxima semana.
Vale acrescentar que o presidente do ASSUFOP, Gabriel Souza, “convida a atual administração da UFOP para uma grande reflexão. O Reuni ( Reestruturação e Expansão das Universidades Federais implementado a partir de 2017) aumentou em larga escala o número de docentes e discentes na Instituição. No entanto, esse crescimento não refletiu no contingente técnico-administrativo. À medida que a UFOP cresceu, o número de técnico-administrativos diminuiu”.