Carta aberta à comunidade

A direção do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-administrativos da UFOP – ASSUFOP repudia a postura da Arquidiocese de Mariana durante as negociações entre a mesma e a UFOP na qual ordena a desocupação de prédios que fazem parte do Instituto de Ciências Humanas e Sociais – ICHS, em Mariana-MG.

Recentemente, a comunidade do Instituto foi informada de que a proposta feita pela UFOP de prorrogar o comodato por mais 10 anos, com o intuito de possibilitar a construção de novas instalações do ICHS, foi rejeitada pela Arquidiocese. A Direção do Instituto informou que a Igreja recusou a proposta e, portanto, a mesma defendeu os trâmites e o tempo normal da justiça, ou seja, desocupar os prédios a qualquer momento.

No instituto, fundado em 1979, funcionam sete cursos superiores (Graduações em História, Letras e Pedagogia, Mestrados em Educação, História e Letras e Doutorado em História). O ICHS surgiu da incorporação à UFOP da Faculdade de Filosofia de Mariana – FAFIM, da Universidade Católica de Minas Gerais. Na época, a Arquidiocese cedeu, por meio de comodato, o prédio do Seminário Maior por cinquenta anos e, em contrapartida, a UFOP se responsabilizaria pela preservação e manutenção do prédio.

No ano de 2003, a Arquidiocese alegou descumprimento do contrato e entrou com uma ação contra a Universidade.O processo foi julgado na última instância e culminou na sentença que determina a restituição do prédio do antigo Seminário Nossa Senhora da Boa Morte à Arquidiocese e o pagamento de aluguéis correspondentes desde o ano de 2003.

Diante da provável execução de despejo do ICHS movido pela Igreja, a direção do ASSUFOP se coloca à disposição dos estudantes e servidores para quaisquer ações de resistência e luta que vão ao encontro da permanência do Instituto em Mariana-MG.

Evidentemente, a atitude autoritária e retrógrada da Arquidiocese de Mariana transparece o descaso da Igreja com a população marianense e com a comunidade ufopiana. Não há dúvidas dos prejuízos econômicos, políticos, culturais, pedagógicos e sociais advindos da saída do ICHS de Mariana. Serão 1.500 estudantes afetados diretamente, sem contar os 50 TAE’s, 100 professores e diversos trabalhadores terceirizados. Ou seja, mais um desastre social naquela que foi a primeira capital de Minas Gerais.

Ressalta-se, ainda, que tal postura evidencia a incoerência de setores da Igreja que advogam contra o povo, em desacordo com a tendência desta de auxiliar os mais pobres. O ataque contra o ensino público, gratuito e de qualidade é um projeto político, haja vista as recentes investidas do Governo Federal em prol do desmonte das universidades, como EC95, por exemplo.  Dessa forma, a Arquidiocese de Mariana está nitidamente colaborando com esse temerário projeto de desmantelamento da educação pública, direito do povo brasileiro, ao invés de apoiá-la e estendê-la aos 49% dos jovens brasileiros que não têm curso superior.

 

 

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