Ocorreu na última quarta-feira (24), uma reunião entre a Diretoria do Sindicato ASSUFOP e as nutricionistas, Nilma de Moura e Judith Gomes, responsáveis pela fiscalização da empresa que administra o Restaurante Universitário da UFOP. Os diretores buscaram entender como ocorre o funcionamento do R.U após a terceirização e ouvir as demandas e sugestões das servidoras. O encontro ocorre num período de críticas da comunidade acadêmica em relação ao alto valor do ticket para estudantes (R$ 7,06) e para servidores (R$ 14,12 ), bem como às denúncias de presença de larvas em uma refeição.
Durante a reunião, as servidoras explicaram que anteriormente, o preço do R.U na UFOP era fixado, e o subsídio era alterado para manter o mesmo valor e não impactar os usuários. Com a terceirização, a Universidade passou a subsidiar 50% do valor do bandejão, com variação do preço do ticket pago pela comunidade acadêmica. A mudança se deu por meio da Resolução CUNI nº 2530 que aprovou o Regimento do Funcionamento dos RU’s e embasou a Portaria que fixou o subsídio em 50%.
As servidoras disseram também que o trabalho delas não influencia no valor do restaurante universitário, sendo responsáveis apenas pela fiscalização e controle da qualidade. As nutricionistas realizam uma fiscalização diária e elaboram relatórios semanais detalhados sobre o serviço prestado pela empresa terceirizada. Caso a empresa não cumpra as exigências previamente estabelecidas, ocorre um ajuste no valor a ser pago mensalmente pela UFOP, de acordo com o resultado do relatório.
Os diretores lembraram que as servidoras são sindicalizadas e que, portanto, podem contar com o apoio do Sindicato caso enfrentem alguma arbitrariedade por parte da empresa ou por parte da Universidade. Elas disseram que compreendem o quão prejudicial é um reajuste no valor do ticket e que, apesar do aumento, houve também um acréscimo da bolsa alimentação. Dessa forma, os alunos em situação de vulnerabilidade social são contemplados com o valor integral da refeição.
Foi lembrado durante a reunião que a empresa anteriormente contratada por meio de licitação não demonstrou interesse na renovação do contrato. Elas lembraram que a mesma sofreu um abatimento do valor nas faturas mensais por não cumprir algumas exigências do contrato. Além disso, as nutricionistas mencionaram as dificuldades enfrentadas pelas empresas que vencem a licitação em relação aos gastos com distribuição. O Restaurante Universitário da UFOP possui duas formas de distribuição de alimentos: uma central, atendendo Ouro Preto, e outra descentralizada para atender ao campus de Mariana. Ou seja, há uma cozinha central que produz, distribui e também transporta para outra cidade, fato que não ocorre em outras universidades. Dessa forma, segundo as servidoras, é difícil encontrar um modelo de contrato igual ou muito próximo ao que ocorre na UFOP e, por causa disso, é desafiador achar um preço compatível.
Elas lembraram que toda empresa que ganha a licitação precisa realizar uma vistoria nos equipamentos, verificar a necessidade de manutenção, a fim de evitar problemas futuros. Trata-se de uma obrigação da empresa. Porém, as servidoras disseram que raramente as empresas realizam esse tipo ação preventiva. Quanto à qualidade, elas relataram que, antes da terceirização, o serviço prestado era melhor, especialmente em relação à compra de insumos.
Para o diretor do ASSUFOP, Du Evangelista, é evidente que a fiscalização do Restaurante é muito bem feita pelas servidoras, porém os contratempos ocorridos no R.U são consequências diretas da terceirização do serviço. “Os problemas encontrados no Restaurante Universitário da UFOP não são por falta de fiscalização. São problemas inerentes à terceirização, que precariza a mão-de-obra com salários muito abaixo do mercado, ocasionando uma rotatividade alta e a contratação de pessoal sem experiência no ramo. Além disso, a terceirização ocasionou um aumento no valor da refeição impactando diretamente a permanência dos estudantes na Universidade”, afirmou.