Greve Nacional da Educação pressiona MEC contra os cortes e o “Future-se”

Em Ouro Preto, trabalhadores e estudantes discutiram o programa de desmonte intitulado “Future-se” e denunciaram seu caráter inconstitucional e abusivo. 

O dia 13 de agosto foi mais um marco na luta dos trabalhadores em educação e estudantes brasileiros. Após três grandes mobilizações contra o governo Bolsonaro – e sua política autoritária de perseguição à ciência, ao saber, aos sindicatos, às instituições de ensino e aos servidores públicos – ocorridas nos dias 15, 30 de junho e na greve  geral do dia 14 julho, esta terça-feira as entidades estudantis bem como sindicatos e federações trabalhistas aglomeraram forças para barrar o desmonte nunca visto nas Universidades e Institutos Federais.

Assembleia do ASSUFOP que definiu a adesão à Greve Nacional de 24h da educação no dia 13/08

Mais de 40 universidades e institutos federais já criticaram o “Future-se”, o mais privatista dos programas do governo Bolsonaro (PSL) para a educação. A medida, anunciado pelo MEC (Ministério da Educação), abre as instituições públicas de ensino superior para a entrada desenfreada de recursos e projetos da iniciativa privada. A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e a UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) foram além e já se manifestaram oficialmente contra a adesão ao programa.

Até por volta de 19h desta segunda-feira, 85 cidades dos 26 estados e do Distrito Federal haviam ocorridos protestos em defesa da educação pública e contra os cortes nos orçamentos das IFES feito pelo Ministro que chegou ao patamar de 53%  do orçamento de algumas universidades. Em Brasília (DF), mais de dez mil pessoas participaram do ato que teve início pela manhã. A manifestação contou com o reforço da 1º Marcha das Mulheres Indígenas, organizada com o objetivo de dar visibilidade e reconhecimento à luta das mulheres indígenas e contra as mudanças na política da saúde indígena.O diretor do ASSUFOP, Vicente Cândido e o sindicalizado Adilson Pereira estiveram nas mobilizações da capital federal.

Mobilização em prol da educação em Brasília-DF. (Foto: Vicente Cândido)

Dia 13 de agosto também contou com a presença de milhares de mulheres que marcharam contra o governo Bolsonaro. Trata-se da Marcha da Margaridas.

Antes de entrar em vigor, o projeto de lei do Future-se precisa ser aprovado na Câmara dos Deputados, onde ainda não conta com apoio maciço. Um projeto inicial, elaborado pelo MEC, está aberto para consulta pública até o dia 15 de agosto. Segundo o ministério, o projeto final deve ser encaminhado ao Congresso no fim deste mês.

Em Ouro Preto, a aula foi na RUA! 

Como vem ocorrendo nas mobilizações na região dos Inconfidentes, as entidades de luta da educação – ASSUFOP, ADUFOP, SINASEFE IFMG e DCE UFOP – se uniram mais uma vez para debater as consequências do Future-se para as Universidades e Institutos Federais do país, em especial para a UFOP. Pela manhã, membros da direção do ASSUFOP participaram da assembleia da ADUFOP. que representa os docentes da UFOP, onde aprovou-se a adesão de à Greve Nacional da Educação do dia 13/08, bem como a completa rejeição ao Future-se. Os TAEs da UFOP já aviam aprovado a adesão ao Dia de Luta em assembleia ocorrida no dia 5/08.

O presidente do ASSUFOP, Sérgio Neves, também esteve presente na assembleia do SINASEFE IFMG ocorrida nesta terça-feira que aderiu à Greve Geral da Educação desta quarta-feira (13).

Na parte da tarde, por volta de 17h, a Concha Acústica da UFOP foi palco de uma discussão sobre o “Future-se” que contou com a participação de Sérgio Neves, pelo ASSUFOP, Cristina Maia pela ADUFOP; Gabriel Levenhagen, pelo SINASEFE IFMG; bem como os membros da comissão de análise do Futures-e na UFOP, JoséBenedito Donadon ( Diretor do ICSA) ; Eleonardo Pereira (Pró-Reitor de Planejamento da UFOP) e Paula Lorraine (Secretária Geral UEE MG). Durante a discussão, os membros da comissão sublinharam que indicaram ao Conselho Universitário a rejeição absoluta do programa Future-se por considerá-lo inconstitucional; confuso e ir de encontro aos objetivos sociais de uma universidade pública.

As direções das entidades destacaram os pontos do programa que ferem a autonomia universitária; ameaça os planos de ensino; congela a produção de saber; precariza as relações de trabalho e desmontam o tripé pesquisa, ensino e extensão:

_ Organização Social e perda da autonomia pedagógica, fim da autonomia docente;
_ Lógica privada, mantendo o nome de público;
_ OS recebendo dinheiro público: (captação de recursos públicos pelo setor privado; Prédios públicos empenhados, doados e cedidos para o setor privado; Lavagem de dinheiro e desvio de recursos;
_Esgotamento de recursos para quem não se adequar ou não atrair os interesses das empresas;
_ Fim da autonomia;
_ Subordinação do conhecimento científico aos interesses do capital
_ Militarização das escolas;
_ Mordaça na prática;
_ Conservadorismo e fim da função social;
_ Dupla punição- OS e processo administrativo;
_ Não contratação de servidores;
_ Contratação de trabalhado

Mobilização em Juiz de Fora (Foto: SINTUFJF)

Veja quais federais publicaram manifestações sobre o Future-se:

• Fórum das Instituições Públicas de Ensino Superior de Minas Gerais (Cefet/MG, UEMG, UFJF, UFLA, UFMG, UFOP, UFSJ, UFTM, UFU, UFV, UFVJM, Unifal, Unifei, Unimontes, IFMG, IFNMG, IFSudesteMG, IFTM, IFSuldeMinas)
• Instituições Federais do Ensino Superior do Estado do Rio de Janeiro (Cefet/RJ, Colégio Pedro 2º, IFF, IFRJ, UFF, UFRJ, UFRRJ, Unirio)• Universidades federais paulistas (Unifesp, Ufscar, UFABC, IFSP) • UFG• UFMG• UFOP• UFPel• UFPR• UFRJ• UFRN• UFRRJ• UFSB• UFSC – UFSM• UFVJM• UnB• Unila• Unipampa• Univasf

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